quinta-feira, 29 de setembro de 2011

O evangelho segundo a carne (BOOKTRAILER)






SOBRE O AUTOR:
Guilherme Junqueira tem apenas 23 anos, é escritor, artista plástico e experimentador audio-visual,e tem como material central de toda sua criação artística o leque de questionamentos e possibilidades da contra cultura das grandes cidades, não gosta de rótulos e odeia quando dizem que seu trabalho é focado num publico especifico, o público GLBT.

"Minha arte é para todos aqueles que estão abertos para ela"

Suas personagens transitam entre o bem e o mal, o vício e a paixão, a morte está sempre presente em seus textos assim como o súicidio é um tema recorrente em sua obra 
Junqueira é natural de Tatuí, interior de São Paulo mas ha três anos mora na capital, pois havia ganhado uma bolsa de estudos  para estudar teatro no grupo "Os Satyros" e tinha como grande sonho de entrar no elenco do "Teatro Oficina". 
Durante os anos em São Paulo encenou, escreveu e dirigiu algumas peças e mais tarde trabalhou como comentarista teatral no site "Teatro online", seu primeiro curta metragem foi selecionado para a mostra "Mix Brasil de Cinema" e seus dois primeiros romaces, "Suicida Rock`n Roll" (2010) e "O evangelho segundo a carne" (2011) foram lançados pela editora Giostri.  
Quando perguntado pela polêmica gerada em torno do seu novo livro Junqueira responde:

"Minha religião é a vida e Deus está dentro de mim, respeito todas as religiões, mas abomino as empresas-religiosas"
 
SINOPSE:
O evangelho segundo a carne utiliza-se da fábula de um anjo que cai apaixonado na terra(Lyrael) por um garoto potencial suicida (Matheus) para discutir os valores morais e hipocresias da sociedade moderna.
O anjo Lyrael tem 4 dias como humano, e uma missão: Fazer com que Matheus apaixone-se por viver novamente, só que para isso deverá engolir sua paixão e soterrar seus sentimentos, já que o céu não permite ...o amor entre iguais.

CRÍTICA:
Já na segunda obra, o rapaz, de pouco mais de vinte anos, reaparece mais maduro, sua linguagem está solta, num ritmo alucinante que faz com que o leitor não queira parar de ler.
O título um tanto polêmico vai se tornando coerente à medida que a história de amor entre os anjos Samyaza e Lyrael toma vulto. Já na introdução há a referência à cobiça dos anjos pela sexualidade dos homens e o leitor é convidado a participar da “bad trip” dos personagens.
Ambientado no verão de São Paulo (cinza e inundada de água e sujeira), o enredo é dividido em três partes (O Acordo, A Catadora de Papelão e Obsessão) e gira em torno da luta do anjo Lyrael para salvar a alma de seu grande amor Samyaza/Matheus, que vive deprimido após a morte do namorado Lucas.
Mais do que o romance e o tresloucado triângulo amoroso da trama, Guilherme abre discussão e questionamento sobre princípios e valores intrínsecos do Homem, como vida e morte, amor e desamor, fé e ateísmo. Ao questionar a existência de Deus — o deus propalado pelas instituições religiosas, como um ser superior que pune e castiga os fiéis—, o autor apresenta uma visão mais humanizada e contemporânea do divino.

Se pelo título o leitor poderia pensar que o livro é um escárnio e sátira ao sentimento religioso, ao chegar à última linha fica-se com a nítida impressão de que a obra é uma reflexão profunda sobre o sentimento mais sublime do ser humano, o amor à vida. E sexo é vida, é amor e, portanto, divino.
 
(MAURÍCIO MELLONE: Jornalista/Blogueiro)

INFORMAÇÕES:
 

  • Editora: Giostri

  • Autor: GUILHERME JUNQUEIRA

  • ISBN: 9788560157587

  • Origem: Nacional

  • Ano: 2011

  • Edição: 1

  • Número de páginas: 172

  • Acabamento: Brochura

  • Formato: Médio

  •  
    O livro pode ser encontrado na prateleira em São Paulo na Livraria da Villa, no Bofetada Club ou na Martins Fontes, mas pode ser adquirido pelos sites da livraria Cultura, Saraiva e Submarino, o valor médio é de R$ 30,00
     


    O EVANGELHO SEGUNDO A CARNE (LEIA O CAPITULO I)













    Capitulo I
    O acordo
    A
     noite estava chegando langorosa e despudorada como uma flor que abre devagar, um vento fino balançava as árvores do Jardim da luz, o escuro logo  alcançaria sua perfeição agarrando  os calcanhares dos transeuntes, dos mendigos, das ciganas e dos estudantes. O silêncio era entrecortado pelo barulho dos automóveis e dos ônibus, o cheiro forte da grama molhada e o perfume de dama-da-noite  subia em camadas como um vapor de incenso desprendendo-se da terra.
    Matheus cruzou todo o parque antes de chegar até a estação, ficou parado um bom tempo de pé, olhando para a fonte central, ascendeu um cigarro, a água era calma e grossa, verdolenga, como esmeraldas gastas, da cor de seus olhos. Tinha tomado um ácido antes de sair de casa e tudo parecia mais colorido e pulsante. As estátuas da fonte, brancas como virgens de igreja, olhavam pra ele dardejando um lança-chamas nos olhos, um suspiro abafado escapou pelos lábios de pedra da estátua:
    -Acho lindo um garoto que se mata.
     A estátua sustentava um olhar imperativo e escaldante, prendia na boca seu sorriso artificial, a outra estátua que até agora mostrava-se em silêncio  continuou dizendo:
    -Mais lindo ainda é aquele que se mata por amor.
     Matheus enxugou a lágrima pendurada com a manga da jaqueta, um sentimento acre e ardente queimou-lhe o coração, não iria chorar, já tinha chorado demais esses últimos dias. Voltou a seguir seu caminho em direção à estação, tirou o fone dos ouvidos, e conectou-se com os sons da cidade, era como se pudesse sentir cada nota, cada ronco, cada pedal que movimentava a bizarra máquina metropolitana, era assim que via a cidade, uma máquina, uma máquina que nunca parava de girar.
    Sentiu a noite atrás das costas quando deixou o Jardim da luz, engoliu um suspiro, e quando o sinal permitiu, atravessou a rua, pessoas indo e voltando, cruzando seu caminho e desviando –se dele, Matheus estava imune à eles, podia atravessar um exército, perder-se no meio de uma multidão, continuaria sentindo-se a pessoa mais solitária do mundo.
    A Estação era linda,uma jóia perdida no bairro degradado, construída no séc. XIX , sua estrutura metálica levantada de ferro- fundido foi toda trazida da Inglaterra, sua arquitetura refinada e séria assemelhava-se bastante com a Flinders Street Station na Austrália,também projetada por ingleses.  Do alto da estação, no telhado da torre do relógio Lyrael observa Matheus atravessando a faixa de pedestres, o cigarro equilibrando-se em seus lábios, óculos new wave escuros, escondendo os olhos vermelhos. A loucura da droga e da angústia pareciam conduzir cada passo.
    O anjo fechou os olhos, o vento suspendeu seu cabelo fino e dourado, sentiu o choro vindo da boca do estômago até o delta dos olhos, lembrou-se perfeitamente da última vez que tinha chorado. Já fazia muito tempo, milênios, nessa época Matheus não era esse garoto perdido, corroído pelo tempo e pela decepção, nessa época Matheus ainda era o belo e altivo príncipe Samyaza. Quando a guerra de Armon estourou e  Deus mandou que todos os anjos caídos fossem presos,  Samyaza foi então acorrentado numa estrela. Foi nessa  ocasião que Lyrael chorou pela última vez, e chorou porque os dois eram amantes.
    O que muitos chamariam de obsessão pessoal Lyrael chamava de amor, um amor secreto e incompreendido, o caso entre os dois foi sempre velado, quando outros anjos perguntavam à Lyrael o que ele realmente sentia por Samyaza ele sempre dizia:
    -Admiração.
    Mas era mentira, Lyrael  amava-o com todas as suas forças, amava sua personalidade tempestuosa e rude, sua forma imperativa e inconstante, amava-o com a sinceridade da criança que ama o pai indiferente, tinha-o como seu herói, seu porto-seguro, seu mal exemplo, sobrava em seu amado tudo o que lhe faltava, Samyaza o completava, o preenchia de tudo, sentia-se pequeno e frágil quando acolhia-se em sua sombra,  seu ombro o confortava, suas mãos pesadas afagavam-lhe os cabelos. Quando estava à seu lado Lyrael não desejava mais nada, apenas que o tempo parasse e aquele momento fosse eterno.
    Apesar da sua devoção, Samyaza, muito discreto, demonstrava ao companheiro apenas algumas manifestações de afeto, o que já eram mais do que suficientes para que causassem arroubos de felicidade no coração do amante. Lyrael abraçava-o, declamava juras de amor e fidelidade eternas, apenas isso, nem o beijo era permitido, por isso a descrição devia ser exemplar. Por quanto tempo agüentaria viver assim, Lyrael ainda não sabia, mas nessa época ainda não conseguia perceber nada de errado , não se acorda um belo dia e se dá conta que sua vida é na verdade uma sobrevida , arrastada e postiça.
    - Está tão magro e triste, se eu pudesse fazer alguma coisa....qualquer coisa para tirar a tragédia de suas costas e corrigir o seu destino.
    Seu pedido era sincero e em seu discurso a culpa parecia pontuar as entonações das palavras jamais se perdoara de ter perdido Samyaza para as fileiras de Lord Baltazar, achava que o tinha deixado escapar entre os dedos, furar a barreira segura que ele próprio construira para o casal. Não admitiria perde-lo mais uma vez.

    Do alto da torre em que se encontrava, a cidade mostrava-se calma e pontilhada de luzes e pessoas correndo como formiguinhas, o anjo sentiu que o vento ganhava força em suas costas, suspendendo sua camisa leve e branca, como se quisesse arrebentar seus botões, uma lufada de vento tão forte o atingiu  que o fez desequilibrar e por pouco não cair do telhado, o relógio bateu às 18:00 hrs e a sombra atingiu completamente a estação, e com ela o frio dos cadáveres.
    Lyrael sentiu o arrepio percorrer suas asas e descer para a espinha, levantando os pelos do pescoço, o cheiro de lírio entrou em suas narinas sem pedir licença e causou-lhe enjôo e uma dolorosa vertigem. Uma mão pesou-lhe no ombro e a gargalhada fatal ecoou como um raio, mergulhando a consciência de Lyrael numa piscina de lembranças trevosas e mal agouros.
    Lord Baltazar estava parado ao lado dele, havia aparecido como que por encanto, uma figura alta e bem apessoada, era magro e branco como uma estátua de cera, uma pesada armadura parecia estar grudada em seu corpo, as asas abertas exibiam suas penas escuras e sua boca apontava uma espécie de meio-sorriso. O ar de deboche era como um círculo materializado ao seu redor, suas verdadeiras intenções estavam sempre escondidas atrás da armadura medieval e de sua capa preta. Todos os anjos sabiam que ele só havia escapado do exílio porque havia sido incumbido de servir aos céus com o cargo de Anjo-Exterminador, ainda era temido por ser considerado ardil e sagaz, sua presença naquele momento só podia significar uma coisa, tudo o que Lyrael temia:
    - Vai se matar....?
    - O garoto?  Certamente, já têm alguns dias que está planejando isso. –a voz de Balthazar era como um sentença, como se o pescoço de Maria Antonieta já estivesse pronto, cheio de carne, esperando apenas a lâmina do carrasco descer.
    -Vai se jogar nos trilhos do trem não vai!? Por isso está aqui.
    O Anjo-Exterminador confirmou com aparente calma.
    -Como é morrer? – Lyrael perguntou.
    Quando o silêncio pareceu eterno, e ele percebeu que a pergunta não seria respondida sentiu uma pontada, uma enorme dor, era como arrancar uma perna, um olho, estava prestes à perder seu amado novamente, e não havia nada que podia fazer para resgatá-lo das sombras em que ele se encontrava.
    -Sabe Lyrael, uma coisa que vocês anjos da mediocridade nunca entenderam...os homens não são felizes, a vida na Terra é feita de espinhos, não rosas e aqueles que se matam tem suas razões para fazê-lo.
    -O suicídio é crime diante dos olhos de Deus. – respondeu crente.
    -Não comete suicídio aquele que já nasceu morto.
    Lyrael não respondeu, estava desabando em si, perdendo-se em lágrimas e em intermináveis questionamentos.
    - Aposto que sei o motivo do choro, é sua impossibilidade não é!?  Você não pode fazer nada Lyrael.. ninguém pode tirar a corda do pescoço de um enforcado, ninguém pode resgatar aquele que está para morrer. Até os anjos são limitados...
    Matheus chegara na plataforma, era uma sombra, já parecia um fantasma , teso e branco, o sangue parecia não afluir-lhe mais nas veias, estava paralisado, tomado por um medo confuso e imerso em pensamentos delirantes e verborrágicos, era invisível para todos os outros,  julgava-se insignificante e totalmente dispensável para a humanidade, não faria falta se deixasse de existir. Naquele momento, em que o barulho do trilho e a fala alta dos transeuntes entrecortavam sua afetada linha de raciocínio Matheus sentiu-se desprovido de sentimentos, como se eles tivessem sido desgrudados de si, flutuando no ar como intrusos, sobre si mesmo, nas roupas que ele estava usando.
    -  O seu amor é algo que você criou para sí, o seu desejo de unir-se à ele é sacrílego, poderá ser mau interpretado entre os seus. –Lord Balthazar ofereceu seu ferino desdém e encheu a boca para atingir os sentimentos de Lyrael.
    -Eu sei, mas não posso fazer nada, cada aspecto dele me prende, agora mais do que nunca, acompanho-o desde que reencarnou, quero ficar longe mas não posso, não consigo, gostaria de ser soldado à ele.
    -Ainda o ama? – Lord Balthazar quis saber.
    - O quê?
    - Se ainda o ama.
    Lyrael não tinha como recuar, a máscara angulosa do cinismo já não mais servia em seu rosto, se tivesse hesitado em sua resposta naquele momento seria como uma traição.
    - Amo.
    - O suficiente para cometer a loucura de tentar salvar sua alma
    - O suficiente para resgatá-lo no inferno se assim fosse necessário.
    - Sabe que não seria permitido!
    - Mas eu faria mesmo assim.
    O Anjo-Exterminador soltou uma deliciosa gargalhada, quase obscena, exibiu seus caninos afiados e balançou os cabelos escuros com uma graça quase feminina.Voltou-se em direção à plataforma e arqueou ligeiramente o corpo para baixo.
    Matheus respirou fundo e deu o primeiro passo em direção aos trilhos vazios, era o fim de tudo, não havia conseguido conviver com suas instabilidades, com seus vícios e com os recôncavos mais secretos do seu ser, bebia demais, fumava demais, e os fantasmas da culpa, da vergonha e do remorso alcançavam sua cama todas as noites, suas teorias mal digeridas sobre religião, teologia ou espiritualismo, tudo estava destruído, bem como seus sentimentos e sua capacidade de amar, Matheus estava oco. Avançou mais um pouco dando o segundo passo.
    Lord Baltazar ergueu os braços para o alto, as estrelas pontilhavam o céu, o cruzeiro do sul brilhava, sua luz bruxuleante como a chama tênue de uma candeia banhavam o telhado de uma luz materna, aveludada e azul, Sacudiu suas asas de uma forma tão violenta que sua capa foi levada pelo vento e abocanhada no breu.
    - O que você vai fazer? -Lyrael perguntou temeroso, tomado pela febre e pela excitação.
    O suor escorria na testa de Matheus, faltava pouco agora, mais alguns passos e estaria tudo acabado, alcançou a borda do trilho, ouvia-se na plataforma o barulho metálico do próximo trem, o adolescente alcançou a faixa-limite, fechou os olhos.
    Lord Baltazar entoou à meia voz um canto esquisito, uma espécie de oração cadenciada e breve, a escuridão era quase completa no alto da torre do relógio, como num encantamento, uma bola luz crepuscular começou a brilhar na altura do peito do anjo, que ainda tinha os braços levantados e as asas esticadas, o frio intenso, glacial desceu na terra com a invocação.
    Matheus sentiu que era o último passo, pensou fortemente que tudo seria questão de segundos, talvez conseguisse morrer com a queda nos trilhos. Inclinou o tronco para frente,bem devagarzinho, o peso de seu tronco encarregar-se-ia do resto, ouviu gritos nas costas, mas agora já era tarde, já não tinha mais volta, já sentia seu corpo ser puxado pela gravidade, um forte puxo no baixo-ventre. Estava condenado.
     Da bola de luz fosforescente uma cortina fina e ondulante desprendeu-se e  como uma membrana que crescia parcialmente envolveu todo o bairro com uma cúpula de fumaça avermelhada.  Os gritos cessaram, até o murmúrio das árvores do Jardim da luz pareceu silenciar-se. Lord Baltazar tinha parado o tempo, tudo aconteceu numa fração de segundo, no exato momento em que  Matheus impulsionou o corpo contra os trilhos.
    - O tempo...você...!? – Lyrael perguntou quase que aterrorizado e ao mesmo tempo surpreso.
    Lyrael observou a estação congelada, todos parados, os corpos boiando no tempo diluído, como bonecos, manequins, o corpo de Mateus suspenso no ar, preso em fios invisíveis, com a cara virada para o chão, sua morte era inevitável.
    - O tempo está congelado, mas o truque dura apenas alguns minutos, a cúpula está apenas sobre o bairro, por isso temos que correr com o acordo!
    - Acordo?
    - Matheus é a encarnação de meu servo mais leal, estava contando com seu regresso para o mundo dos mortos, tenho planos para Samyaza, assim como você espero-o ansioso,  mas confesso que quando o vi chorando por seu antigo amor, percebi que talvez a história possa ser mais interessante, e ao invés de resgatar apenas um, talvez consiga corromper um segundo anjo e aliá-lo aos meus propósitos.
    - Nunca vai me desviar da luz Lord Baltazar
    - O que Gabriel anda falando pra vocês hein? Nem tudo no mundo é luz e trevas.
    - Qual é o acordo? – Lyrael retomou o assunto.
    - Quatro dias filho, quatro dias vivendo na Terra como um simples mortal ao lado do que restou de Samyaza, o patético Matheus. Se em quatro dias ele demonstrar seus sentimentos de amor e regenerar-se da tristeza que habita seu coração você tem a minha palavra que o deixarei em paz e não mais me preocuparei em recuperar meu antigo companheiro.
    - E o que eu tenho a perder...? Afinal, vou fazer um acordo com um anjo caído! –  Lyrael quis saber.
    - Quando o relógio da Torre da Luz soar às Hrs18:00do quarto dia nós nos encontraremos aqui, e se ele não tiver se recordado do amor que une vocês há tanto tempo, o preço será... suas asas.
    - Minhas asas!?
    Nessa hora, quase recusou, quase voltou atrás, quando Lord Baltazar pediu suas asas significava que se Lyrael falhasse perderia sua condição divina, e estaria condenado a morar na Terra e ter uma vida de mortal.
    - Samyaza então será meu! – O Anjo exterminador sustentou um sorriso perturbador  no canto da boca.
    Silencio absoluto
    - E então, de acordo? –quis saber Lord Balthazar.
    - Gostaria de pensar a respeito.
    - Se você o ama de verdade, se é só isso que importa, mais do que tudo, mais do que sua própria vida então Lyrael, você não tem nada a perder, Você estaria disposto a se destruir à se sujar para sempre em nome do seu amor?
    - De acordo!
    O anjo ofereceu-lhe seu meio sorriso mais uma vez, e o frio que o acompanha ficou mais intenso.
    - Perfeito! Mas antes de abrir suas asas e resgatá-lo é importante que saiba que a consciência de Samyaza está enterrada dentro de Matheus, ele não se lembra de absolutamente nada.
    -Eu sei, observo-o desde seu nascimento, sempre que posso o vejo acordar, ouvir seus discos, sei como pensa, como se comporta.
    -Você será um estranho em sua vida.
    Lyrael vira-se, o tronco já está debruçado para o salto, as asas abertas.
    - E outra coisa, você dispõe de todos os meios para tentar salvar a alma de Samyaza da auto-destruição, mas não pode fazer nada que os céus considerem pecado...você entendeu, nada!
    -Nem o beijo?
    -Principalmente o beijo.
    Lyrael sentia-se um louco em fazer esse trato com Lord Baltazar e compreendeu isso no momento que saltou da torre e planou em direção aos trilhos, ouviu sua gargalhada esganiçada e alta:
    - Vá passarinho, resgate seu verdadeiro amor, e condene sua alma eternamente por isso!
     Quando tomou Matheus em seus braços sentiu o frio desaparecer em suas costas e a lágrima quis voltar. Mateus parecia tão inocente aninhado em seu calor, na subida Lyrael voltou-se para baixo e viu a estação perder-se ao longe, assim como o Jardim da Luz, a membrana avermelhada dissipou-se assim que eles a cruzaram, o anjo planou com velocidade entre os edifícios altos e espelhados, apertando o adolescente com o máximo de cuidado para que ele não escorregasse, sentiu que suas asas começaram a ficar mais pesadas, preocupou-se em levar Matheus em segurança para sua casa antes que despencassem do céu.

    segunda-feira, 26 de setembro de 2011

    Exposição e festa "20 anos de Dimmy Kieer"

    Só tenho que agradecer pelo presente de ter realizado esse trabalho junto ao amigo Dicésar Ferreira, e aos amigos que estavam presentes nessa noite maravilhosa.
    (A FESTA FOI NO BOFETADA BAR DA PEIXOTO GOMIDE)

    (MEUS QUERIDOS: LIZ VAMP E KIZZY ISATIS)

    (ENTREVISTA PARA O TV FAMA COM A SIMPÁTICA LÉO AQUILA)


    (E PARA FECHAR A NOITE: ENTREVISTA COM A VAMPIRA XD)

    ALGUNS TRABALHOS + TRILHA DA GRACE JONES


    Na verdade eu fiz esse trabalho para divulgar meus desenhos no YOUTUBE, achei que o vídeo ficou bacana e upei para o Blog, espero que gostem, Grace Jones serviu como uma luva para a trilha sonora.

    Trabalho especial "20 anos de Dimmy Kieer"



    A exposição “20 anos de Dimmy Kieer” do escritor e artista plástico Guilherme Junqueira traz 20 painéis com montagens da drag queen paranaense Dimmy Kieer no Bofetada Club, em São Paulo. As composições são apresentadas em arte digital, impressas em lona com estilo Pop Art, em que a personagem e mostrada em diferentes looks. Segundo Junqueira, o convite partiu do BBB Dicesar, que todos os anos celebra o aniversário da sua personagem famosa, Dimmy.

    Os quadros foram criados pelo artista a partir de fotos da musa e desenhos seus. As criações são feitas com diversos materiais e técnicas e transferidas para a tela por meio de ampliação. A exposição terá lançamento com um coquetel para imprensa e famosos, antes de ser aberto ao público. Os quadros estarão à venda, a partir de R$350. O artista também é escritor está lançando seu livro “O Evangelho Segundo a Carne”, esta semana na Bienal do Livro em São Paulo.

    A exposição estará aberta para visitação no Bofetada a partir do dia 15/09 (quinta-feira). O Bofetada Club fica na Rua Peixoto Gomide 131, Jardins, próximo ao metrô Consolação. A casa abre às 20h e até a meia noite não cobra entrada.
    fonte: Redação Revista Lado A