sexta-feira, 23 de dezembro de 2011

DIVAS POP BOFETADA CLUB
















































Os novos quadros estão expostos no BOFETADA CLUB e estão à venda a partir de R$350,00 (cada um)
O BOFETADA CLUB fica na R. Peixoto Gomide, 131, esquina c a Frei caneca, Metro Consolação. Aberto ao público de terça à domingo a partir das 18 hrs.

domingo, 11 de dezembro de 2011

DESCOBERTA DE MIM

Acabo de me encontrar, estou entre as palavras, saltando de uma linha para outra, em queda vertiginosa até o final desse parágrafo.
É possível encontrar-se quando se esta completamente perdido?
Uma folha em branco, uma caneta e um copo de vinho, não preciso de mais nada quando as idéias chegam ao meu encontro e a paixão guia à escrita como uma mão treinada executaria um Dvorák num violino.
A essência reside em mim e eu posso senti-la, e essa fagulha guia todos os aspectos da minha vida, molda meus gostos, gestos, meus amores, vícios e meu desprezo pelo cotidiano vulgar.
Alguns me tem como arrogante, outros me toleram por educação, quatro ou cinco gostam de mim do jeito que sou, mas apenas uma pessoa tenta me compreender, e errou quem pensou que esse bom samaritano é meu psiquiatra (também não sou eu, cansei de tentar me entender)
 Mas uma coisa eu aprendi comigo, o motivo pelo qual ainda estou vivo: o desejo de que minha escrita sobreviva, pois quando não tiver mais nada para escrever, eu me mato, porque sem minha arte não me resta mais nada senão a sepultura.

AUTO RETRATO


Sou um senhor de setenta anos já,sem grana,  vergonha, sem tempo nem paciência pra mediocridade, barbudo por desleixo, bêbado por profissão.
Durante a semana freqüento mostras de cinema e galerias de arte, absolutamente sozinho, apenas a solidão me faz companhia, quando desejo uma companheira menos abstrata, vou para um bar de putas na Augusta, pago drink`s e pego números de celular, no dia seguinte, ligo pra elas e as levo para o Municipal, à Cinemateca, as vezes nem rola foda, deixo o amor para os babacas, para os caras que tem paciência (e tempo) pra perder.
Ouço Amália Rodrigues porque ela me faz pensar na morte de uma maneira mais poética, leio Vírginia Woolf porque ela me propõe uma existência mais digna, ao mesmo tempo que a consciência da minha ampla insignificância.  
Fumo sem tragar, porque não quero morrer de câncer nos pulmões. Visto minha mascara de cinismo diariamente, mas procuro não sorrir com freqüência afinal morrer de felicidade também não é minha praia. Bebo porque é líquido, e com a bebida eu liquido minha insegurança , o problema é que passado o efeito do álcool ela retorna, fígado eu só tenho um.
Nunca precisei de um baseado para esquecer das coisas, mas para acender minha taba preciso esquecer do mundo, não fumo para trabalhar nem trabalho fumando, sou todo errado eu sei, mas ainda de uma forma misteriosa conservo minhas regras.
Sou anti-social SIM, vivo hibernado na minha bat-caverna o ano todo e nunca vou para nenhum evento, festa de aniversários, casamento, bodas de prata, primeira comunhão e principalmente, batizados.  Dizem por ai que eu não gosto de crianças, MENTIRA, eu até gosto delas, caladas, num raio de pelo menos dez metros de distância do lugar em que eu estiver. O que acontece é que o mundo está cheio demais, e ter filhos (na realidade em que vivemos hoje) é como que uma afronta, decididamente as crianças deviam sair de moda.
Sou um velho, inconstante e volúvel, me irrito com facilidade e meus humores oscilam como ondas furiosas que fremindo suas cristas para o alto, se derramam numa bacia ampla e tudo se torna calmaria e mansidão. Ainda existe um caos dentro de mim que precisa ser domado, uma tristeza manifesta que reside sem porque.
Medo da morte?
Medo do NADA?
Medo de que?
Medo de mim talvez, medo de que minha vida não seja mais que uma sobrevida, certo de que todas as minhas ambições sempre foram pequenas, que meu melhor nunca foi suficiente, de que minha passagem por aqui foi insignificante demais, tortuosa de mais.
Feliz é a menina “ Baixo-Augusta” que teve o privilegio de assistir “La Traviata” comigo no Municipal na semana passada. Observei com curiosidade como ela reagia aos pontos de virada da história, aos cheiros dos assentos, às luzes, aos figurinos, às camadas de som.
-Foi a coisa mais bonita que já me mostraram.- ela me disse com os olhos cheios de lágrima quando a peça terminou.
Não me emociono mais com “La Traviatta” a beleza sempre fez parte da minha vida, talvez por isso tenha sido sempre tão infeliz.

domingo, 4 de dezembro de 2011

VENUS ERÓTIKA


Ai, armadinha de araque eu me sinto
Cai, cambaleada de conhaque, absinto
Eu queria ser uma devoradeira
Engolindo fumaça dichavando poeira
E teria então os teus sonhos de hospicio
Te amar loucamente despencar precipicio
Junto de você eu bebia absinto
Do seu lado sozinha eu já não me sinto.
Porque sem você do meu lado não se vive
Morda minha rosa safado,me cultive

domingo, 27 de novembro de 2011

TENHO MEDO DE VIRGINIA WOOLF


É noite, meu cigarro acabou, e eu pagaria pra qualquer mendigo trazer um maço do Econ mais próximo. Mas no Econ nunca tem nada, só tem Bell`s, Balalaika, Ballantine`s e outras sub-marcas uó.
As putas brigam na rua, olho pela janela do apartamento e vejo apenas seus contornos eclipsando a luz dos faróis, suas peles macias, cheias , seus olhos eternamente borrados, a noite é fria e uma chuva fina polvilha o asfalto, a névoa translucida manifesta um circulo diáfano ao redor delas e imediatamente essas putas ganham um ar de aparição, todo o encantamento cai por terra e as moças arrojadas num canto escuro passam a assombrar as esquinas fumando, bebendo cerveja de latinha e ouvindo tecno-brega no celular.
Me afasto do notebook, preciso de uma desculpa para a falta de sono, um café talvez.
Ligo o som, está tocando “Febre” de Guilherme Lamounier e dentro de mim cresce uma estranha agitação, me lembro que um amigo recentemente me perguntou “ Eu tenho medo do NADA, você já parou pra pensar no NADA? “ na ocasião fiquei meio constrangido, havia pensado no NADA uma única vez apenas, quando assisti “História sem fim” (na época em que se passavam bons filmes na sessão da tarde) mas pensar na consciência ampla que o NADA representa...
Meu café está pronto, um Nescafé é claro, extra-forte e sem açúcar.
Então de repente coloco meus personagens para dormir um pouco, fico tomando meu café e pensando no NADA.
A consciência do NADA se alimenta das minhas horas ociosas, transformando meu medo e minha ânsia em poesia, por isso escrevo, para a contemplação do abstrato que reside em mim. Um porto seguro e narcisista talvez, mas que de certa forma me objetiva.
Eu tenho medo de Virginia Woolf e suas verdades vorazes, a sanidade sincera de suas alegorias em livros de capa dura. Passo horas sentado nos divãs da livraria Cultura, conversando com seu espectro, discutindo comigo mesmo e tentando de alguma forma localizar suas pegadas na areia.
Sou um Rebel without a cause e admito isso, odeio natal, ervilha e reencontros com ex-colegas de escola, odeio as velhas nas filas de banco, igrejas evangélicas, estender roupa no varal e principalmente ODEIO CRIANÇAS.
As putas voltam a brigar pelo ponto na frente do meu prédio,o NADA me abraça, o café acaba e eu continuo com medo de Virgínia Woolf, rasgando meu coração para Villa-lobos, arranhando meus discos da Angela Rorô, quebrando os espelhos da Sylvia Plath.
O NADA me abraça essa noite, Sérgio Sampaio começa a cantar no rádio, acho que é “Roda Morta” encontro um maço de cigarros fechado sobre a geladeira e NADA mais faz sentido.
Então alguém chega pra mim e diz:
-Nossa que cara é essa, tá triste hoje?
-Não, essa é minha cara de sempre. – respondo
-Mas as vezes você parece tão feliz.- a pessoa insiste.
Dou um sorriso forçado ela não merece saber que o que ela chama de felicidade eu chamo de euforia.

GUILHERME JUNQUEIRA. 

sábado, 12 de novembro de 2011

Sobre Caio Fernando de Abreu e outros modismos


Sobre caio Fernando de Abreu e outros modismos

Não sei o que está acontecendo com o mundo, as vezes tudo me parece tão confuso e banalizado.
Sou de uma época que só os MAL-DITOS liam Caio Fernando de Abreu, hoje vejo seus textos pipocarem e estamparem o mural de caretões de primeiro escalão.
Será que as pessoas realmente tem noção de quem foi Caio Fernando e o que ele representou? Ou será que no mundo virtual contemporâneo,tudo virou uma questão de "CURTIR"?
As vezes me perco num mundo em que ex-BBB é sinônimo de status e "Crepúsculo" é considerado literatura.
Ainda bem que Victor Hugo e Álvares de Azevedo estão mortos e não viram o pandemônio cultural que isso se tornou. Wharol sabia de tudo já, afinal ele sempre soube, por isso dominou o mundo com suas latinhas de sopa Campbell, mas isso foi nos EUA.
Na frança tivemos Duchamp, Buñuel, Dalí....e aqui?
Tarcila
Oswald
Villa-Lobos
Oiticica
Cacilda
O que está acontecendo com a cultura afinal? acho que uma desestruturação geral.
Estamos todos aqui, inertes, como que anestesiados esperando o novo Cristo da cultura POP aparecer, como se nós estivéssemos num monótono show de fim de ano do Roberto, esperando ele subir no palco fazer chifrinhos com as mãos e cantar "Quero que tudo vá para o inferno.
Acho que vou assistir “Meia-noite em Paris” mais uma vez, tem coisas que só o Woody Allen entende.

domingo, 6 de novembro de 2011

SONETO DO AMOR DESESPERADO n°1




Frases decoradas, pavor vampiro, diurno, latinhas de breja debaixo da pia
Inúteis promessas de foda e ilusões misturadas com a fumaça
Seu gato magrelo e arrastado no meu coturno, ele mia
Não me olhe com essa cara de babaca perguntando o que fazer, faça!

Depois que nosso marllboro acabar
A ponta queimar até o fim
Ponha o último do Cazuza pra tocar
E abra a segunda garrafa de Gim

Podíamos morrer agora, ABSOLUT mente bêbados, baratinados
Ainda assim seria uma morte solene
Levaríamos conosco seus discos da Nina Simone, seus bilhetes amassados

Na boca a farpa do último beijo, na bolsa os filmes do Vincent Price
Todos os livros de Verlaine
Um fardinho de Smirnoff Ice

quinta-feira, 3 de novembro de 2011

Exposição Guilherme Junqueira no "Estação SP Design"

Um restaurante que mistura conceito e tradição em seu cardápio diário. Com um charme peculiar o restaurante faz parecer que você está almoçando em sua própria casa.Sem falar na equipe que está sempre pronta para te receber de abraços abertos e um sorriso incrivelmente gentil. O restaurante fica na R. Haddock Lobo1012, Jardins São Paulo, Metrô Consolação.







segunda-feira, 31 de outubro de 2011

DEI PRUM CARA NA PISTA DE DANÇA



Ela tem uma rosa de Hyroshima dentro do peito e um coração tatuado na virilha.
Diz pros caras que é atriz, mas já faz cinco anos que não sobe no palco.
Frequentadora assídua da praça Roosevelt, ela usa All Star vermelho, vestido de xita, flores no cabelo e se pudesse deixaria as sobrancelhas se encontrarem só pra ficar parecida com a Frida Kahlo.
Quando chegou em São Paulo era ainda a “garota de Bauru”e fazia o papel da Cilene dos Sete gatinhos numa montagem ruim desses teatros de bar, hoje quase quarentona poderia fazer a Madame Clessi, sem muita maquiagem alias.
Veio pra estudar no TBC, mas quando descobriu que o Antunes batia nos atores, correu para o cordão de Ouro do Teatro Oficina e seus ácidos de Kombi azul.
Acorda às 16:00 e antes de escovar os dentes já liga no som “Blues da solidão”
Gosta de ouvir Lulu Santos, acha Cazuza um anjo, não perde um show do Velhas, quando a Rorô vem cantar no Sesc está sempre na primeira fila pedindo “Escândalo”, mas ela nunca canta.
Gosta de Villa-Lobos, Maria Callas e até Bjork, no entanto freqüenta baile funk na ZL, cheira loló na latinha de Skol e vomita no lixo do banheiro da balada, até seu fígado ficar exposto, mole, brilhando sobre um oceano de papéis amassados.
Não tem paciência para as alegorias de Lars Von Trier e adora tomar um “Drink no inferno”, interessa-se por Godard, mas limita-se a entender suas cores primárias, nunca foi ao reserva, porque lá não se pode comer pipoca durante a sessão.
Tem vezes que bebe vinho, outras Gim, coleciona latinhas de cerveja debaixo da cama, tudo depende do estado de espírito em que a sua casa se encontra, se os móveis estão no lugar ou não. Quando não bebe, se fode, porque o baseado da Paim sozinho não faz milagre.
Quando fuma prefere os modernistas.
Quando bebe entende os românticos.
Quando está desesperada os astrólogos da Folha de São Paulo.
Ontem ela me ligou e disse:
-Dei prum cara na pista de dança.
-Deu mesmo?
-Dei, eu até ia pro Dark, mas tinha um velhinho tarado lá dentro, um que sempre fica iluminando a galera com o celular dele, deu tempo do cara levantar minha saia e o tiozinho gozou no meu All Star novo.
-E você? – perguntei.
-Dei um chute no otário. Então seguimos pra pista, estava cheia, fomos prum espaço perto daquela caixa de som, tá ligado? Perto do lugar onde o DJ fica!
-Tô ligado sim. – respondi.
-Ele abaixou minha calcinha e fizemos tudo ali mesmo.
-E ninguém viu? Ninguém fez nada?
-Sei lá. –sua voz parecia agora embargada.- E se alguém visse também...a essa altura do festival já tinha cantado a Vaca Profana e tava pra lá de Marrakech.

Guilherme Junqueira

quinta-feira, 20 de outubro de 2011

ODE PARA O AMOR N°1


Queria ter você mais uma vez entre meus lençóis esta noite,
Com seu suor lubrificando os mecanismos das carícias,
Sua saliva, o destilado que eu não sabia,
Quero que você viva dentro de mim,
Ser o leitor da lenda macabra dos seus olhos,
Gostaria de irromper tua carne, rasgá-la, me atirar de cara dentro de você, fazer da sua pele moradia para meu tédio,
Apenas os ventos dos teus sonhos são capazes de fecundar em meus domínios,
Antes de você aparecer eu vivia a esperando Godot,
Dançando na chuva, brincando de roleta-russa.
Você gosta da “Banda mais bonita da cidade”, eu me amarro no “Saco de ratos”
Você diz que leu Shakespeare, mas só conhece Romeu e Julieta.
Você não sabe quem é Godard e só tem paciência pra sessão da tarde.
É assim que eu te amo, burra, sonsa, bêbada, viciada em anti-depressivos e cremes anti-ruga
Sua loucura me inspira, a falta de ganância me faz querer protegê-la, possuí-la.
Que terror era aquele que me invadia nas madrugadas quentes de whisky com Redbull?
Apertava tua mão para guardar o teu cheiro fragmentado em mim,
Que ritual tátil era aquele que me remetia à tantos gostos e graças?
Deixaria o Lucky Strike se você pedisse,
Rasparia os cabelos se você assim desejasse,
Você queria bater em mim?
Eu ficava de quatro.
Pedia uma carreirinha?
Eu te dava um quilômetro.
Resto-vago-monstro re desperto em minha face,
Lado fósforo escuro dentro de mim
Hoje a noite se faz quente, minha garganta está seca e a garrafa de Red, lacrada,
Quero ter você mais uma vez,
Dentro & fora,
                         Dentro & fora,
Dentro & fora de você.
Sorvendo dos lábios a morphina do sono,
Roubando depois da foda minhas caixinhas de Rivotril,
Lendo minhas revistas de sacanagens escondidas atrás do altar dos bêbados,
E fermentando para fora do nosso templo intimo,
O câncer mais amargo, a pústula mais sangrenta,
E deixando profundas cicatrizes eternizarem todas as doenças do nosso amor.


poema de GUILHERME JUNQUEIRA

sexta-feira, 14 de outubro de 2011

Entrevista sobre cinema - Zoom Magazine-

GOLDEN BOYS


Era como se um misto de melancolia e despudor atingissem meus ossos, todas as vértebras amoleceram e começaram a derreter como a cera de uma vela.
A rua Augusta toda coberta por uma neblina densa, a bruma revelando e escondendo faces entorpecidas...anestesiadas, salpicadas de glitter e pelas réstias dos faróis.
Os automóveis diminuíam a velocidade, estacionando nas coxas e abandonando-se nos flancos alugados.
No delta dos seios alinhados por cirurgia.
Na curva dos cílios alongados, nos suspiros silenciosos das sereias urbanas.
Golden Boys, vampiros noturnos presos na eternidade juvenil de seus corpos, andando em grupo pelas calçadas como cães, desbravando o escuro e descobrindo o dínamo da noite e seus segredos. Entrando em bares aleatórios apenas para usar os mictórios e cheirar todo o cartão de crédito em notas de cinco.
Golden Boys, trajando calças apertadas, jaquetas de couro e camisetas de rock. O brilho do ouro foi esfregado em seus corpos magros e bem desenhados, os olhos são lunares, a boca voluntariosa foi feita para o encaixe.
A bruma que cobre a Augusta rua do centro, fica cada vez mais densa e misturada com a fumaça do escapamento e do churrasquinho de porta de zona, a névoa sube em círculos até o céu como nos turíbulos da missa de domingo da igreja da Sé.
Os Golden Boys dançam a madrugada toda nos Clubs apertados da capital, tatuam pelo corpo a necessidade de um amor embora não admitam que sofram de uma estranha forma de solidão, tal qual Virgínia, eles se afogam com freqüência em seus riachos de bi-polaridade e dependência.
Tomam comprimidos para dormir.
Para acordar.
Para lembrar.
Para esquecer, os Golden Boys tomam litros suecos de felicidade Absolut e depois deixam o fígado em uma esquina qualquer, respingando no Nike importado os restos mortais da juventude Marlboro.
Geração beat-bad-romance sintetizada pelo conto de fadas da bala de laboratório.
Mortas-vivas-belas-adormecidas dignas de George Romero.
Boa noite Cinderella feat. José Cuervo.
Vergonha alheia por Charles Bukowski.
Falsos Warholl`s profetizando uma cultura POP dichavada e bolada na seda de um baseado.
Estranha combinação desses anjos bi-sexuais e as sarjetas de Rimbaud. Estranha, mas justificável, tal qual a dependência de Anais Nin para com Henry Miller ou Roy Orbinson e os delírios de David Lynch.
O sexo para esses meninos do asfalto é tântrico, religioso, o cigarro é quase que uma regra, um acessório na ponta dos dedos amarelados. Poetas suicidas intoxicados pelo ritmo dos sonhos e inspirações de batida eletrônica com energéticos azuis.
Calam-se diante da TV.
Diante da falta do que fazer...da ausência de sombra, do excesso de Make, da falta de grana, do porre de química, ou simplesmente pelo lápis borrado escorrendo dos olhos debaixo do chuveiro.
Terminam as noites sentados nos banquinhos altos da Bella Paulista enquanto o ácido da semana passada corrói o que sobrou do cérebro.
 Assim como Ginsberg, eu também vi, os expoentes da minha geração e eles tomavam Engov antes de beber, cheiravam quilômetros de padê e viviam caindo pelas tabelas, sentados em frente à jukebox do Ecléticos, trincando os dentes e segurando uma garrafa de cerveja pela metade, esperando mais um dia amanhecer.


crônica-poética de GUILHERME JUNQUEIRA

quinta-feira, 29 de setembro de 2011

O evangelho segundo a carne (BOOKTRAILER)






SOBRE O AUTOR:
Guilherme Junqueira tem apenas 23 anos, é escritor, artista plástico e experimentador audio-visual,e tem como material central de toda sua criação artística o leque de questionamentos e possibilidades da contra cultura das grandes cidades, não gosta de rótulos e odeia quando dizem que seu trabalho é focado num publico especifico, o público GLBT.

"Minha arte é para todos aqueles que estão abertos para ela"

Suas personagens transitam entre o bem e o mal, o vício e a paixão, a morte está sempre presente em seus textos assim como o súicidio é um tema recorrente em sua obra 
Junqueira é natural de Tatuí, interior de São Paulo mas ha três anos mora na capital, pois havia ganhado uma bolsa de estudos  para estudar teatro no grupo "Os Satyros" e tinha como grande sonho de entrar no elenco do "Teatro Oficina". 
Durante os anos em São Paulo encenou, escreveu e dirigiu algumas peças e mais tarde trabalhou como comentarista teatral no site "Teatro online", seu primeiro curta metragem foi selecionado para a mostra "Mix Brasil de Cinema" e seus dois primeiros romaces, "Suicida Rock`n Roll" (2010) e "O evangelho segundo a carne" (2011) foram lançados pela editora Giostri.  
Quando perguntado pela polêmica gerada em torno do seu novo livro Junqueira responde:

"Minha religião é a vida e Deus está dentro de mim, respeito todas as religiões, mas abomino as empresas-religiosas"
 
SINOPSE:
O evangelho segundo a carne utiliza-se da fábula de um anjo que cai apaixonado na terra(Lyrael) por um garoto potencial suicida (Matheus) para discutir os valores morais e hipocresias da sociedade moderna.
O anjo Lyrael tem 4 dias como humano, e uma missão: Fazer com que Matheus apaixone-se por viver novamente, só que para isso deverá engolir sua paixão e soterrar seus sentimentos, já que o céu não permite ...o amor entre iguais.

CRÍTICA:
Já na segunda obra, o rapaz, de pouco mais de vinte anos, reaparece mais maduro, sua linguagem está solta, num ritmo alucinante que faz com que o leitor não queira parar de ler.
O título um tanto polêmico vai se tornando coerente à medida que a história de amor entre os anjos Samyaza e Lyrael toma vulto. Já na introdução há a referência à cobiça dos anjos pela sexualidade dos homens e o leitor é convidado a participar da “bad trip” dos personagens.
Ambientado no verão de São Paulo (cinza e inundada de água e sujeira), o enredo é dividido em três partes (O Acordo, A Catadora de Papelão e Obsessão) e gira em torno da luta do anjo Lyrael para salvar a alma de seu grande amor Samyaza/Matheus, que vive deprimido após a morte do namorado Lucas.
Mais do que o romance e o tresloucado triângulo amoroso da trama, Guilherme abre discussão e questionamento sobre princípios e valores intrínsecos do Homem, como vida e morte, amor e desamor, fé e ateísmo. Ao questionar a existência de Deus — o deus propalado pelas instituições religiosas, como um ser superior que pune e castiga os fiéis—, o autor apresenta uma visão mais humanizada e contemporânea do divino.

Se pelo título o leitor poderia pensar que o livro é um escárnio e sátira ao sentimento religioso, ao chegar à última linha fica-se com a nítida impressão de que a obra é uma reflexão profunda sobre o sentimento mais sublime do ser humano, o amor à vida. E sexo é vida, é amor e, portanto, divino.
 
(MAURÍCIO MELLONE: Jornalista/Blogueiro)

INFORMAÇÕES:
 

  • Editora: Giostri

  • Autor: GUILHERME JUNQUEIRA

  • ISBN: 9788560157587

  • Origem: Nacional

  • Ano: 2011

  • Edição: 1

  • Número de páginas: 172

  • Acabamento: Brochura

  • Formato: Médio

  •  
    O livro pode ser encontrado na prateleira em São Paulo na Livraria da Villa, no Bofetada Club ou na Martins Fontes, mas pode ser adquirido pelos sites da livraria Cultura, Saraiva e Submarino, o valor médio é de R$ 30,00
     


    O EVANGELHO SEGUNDO A CARNE (LEIA O CAPITULO I)













    Capitulo I
    O acordo
    A
     noite estava chegando langorosa e despudorada como uma flor que abre devagar, um vento fino balançava as árvores do Jardim da luz, o escuro logo  alcançaria sua perfeição agarrando  os calcanhares dos transeuntes, dos mendigos, das ciganas e dos estudantes. O silêncio era entrecortado pelo barulho dos automóveis e dos ônibus, o cheiro forte da grama molhada e o perfume de dama-da-noite  subia em camadas como um vapor de incenso desprendendo-se da terra.
    Matheus cruzou todo o parque antes de chegar até a estação, ficou parado um bom tempo de pé, olhando para a fonte central, ascendeu um cigarro, a água era calma e grossa, verdolenga, como esmeraldas gastas, da cor de seus olhos. Tinha tomado um ácido antes de sair de casa e tudo parecia mais colorido e pulsante. As estátuas da fonte, brancas como virgens de igreja, olhavam pra ele dardejando um lança-chamas nos olhos, um suspiro abafado escapou pelos lábios de pedra da estátua:
    -Acho lindo um garoto que se mata.
     A estátua sustentava um olhar imperativo e escaldante, prendia na boca seu sorriso artificial, a outra estátua que até agora mostrava-se em silêncio  continuou dizendo:
    -Mais lindo ainda é aquele que se mata por amor.
     Matheus enxugou a lágrima pendurada com a manga da jaqueta, um sentimento acre e ardente queimou-lhe o coração, não iria chorar, já tinha chorado demais esses últimos dias. Voltou a seguir seu caminho em direção à estação, tirou o fone dos ouvidos, e conectou-se com os sons da cidade, era como se pudesse sentir cada nota, cada ronco, cada pedal que movimentava a bizarra máquina metropolitana, era assim que via a cidade, uma máquina, uma máquina que nunca parava de girar.
    Sentiu a noite atrás das costas quando deixou o Jardim da luz, engoliu um suspiro, e quando o sinal permitiu, atravessou a rua, pessoas indo e voltando, cruzando seu caminho e desviando –se dele, Matheus estava imune à eles, podia atravessar um exército, perder-se no meio de uma multidão, continuaria sentindo-se a pessoa mais solitária do mundo.
    A Estação era linda,uma jóia perdida no bairro degradado, construída no séc. XIX , sua estrutura metálica levantada de ferro- fundido foi toda trazida da Inglaterra, sua arquitetura refinada e séria assemelhava-se bastante com a Flinders Street Station na Austrália,também projetada por ingleses.  Do alto da estação, no telhado da torre do relógio Lyrael observa Matheus atravessando a faixa de pedestres, o cigarro equilibrando-se em seus lábios, óculos new wave escuros, escondendo os olhos vermelhos. A loucura da droga e da angústia pareciam conduzir cada passo.
    O anjo fechou os olhos, o vento suspendeu seu cabelo fino e dourado, sentiu o choro vindo da boca do estômago até o delta dos olhos, lembrou-se perfeitamente da última vez que tinha chorado. Já fazia muito tempo, milênios, nessa época Matheus não era esse garoto perdido, corroído pelo tempo e pela decepção, nessa época Matheus ainda era o belo e altivo príncipe Samyaza. Quando a guerra de Armon estourou e  Deus mandou que todos os anjos caídos fossem presos,  Samyaza foi então acorrentado numa estrela. Foi nessa  ocasião que Lyrael chorou pela última vez, e chorou porque os dois eram amantes.
    O que muitos chamariam de obsessão pessoal Lyrael chamava de amor, um amor secreto e incompreendido, o caso entre os dois foi sempre velado, quando outros anjos perguntavam à Lyrael o que ele realmente sentia por Samyaza ele sempre dizia:
    -Admiração.
    Mas era mentira, Lyrael  amava-o com todas as suas forças, amava sua personalidade tempestuosa e rude, sua forma imperativa e inconstante, amava-o com a sinceridade da criança que ama o pai indiferente, tinha-o como seu herói, seu porto-seguro, seu mal exemplo, sobrava em seu amado tudo o que lhe faltava, Samyaza o completava, o preenchia de tudo, sentia-se pequeno e frágil quando acolhia-se em sua sombra,  seu ombro o confortava, suas mãos pesadas afagavam-lhe os cabelos. Quando estava à seu lado Lyrael não desejava mais nada, apenas que o tempo parasse e aquele momento fosse eterno.
    Apesar da sua devoção, Samyaza, muito discreto, demonstrava ao companheiro apenas algumas manifestações de afeto, o que já eram mais do que suficientes para que causassem arroubos de felicidade no coração do amante. Lyrael abraçava-o, declamava juras de amor e fidelidade eternas, apenas isso, nem o beijo era permitido, por isso a descrição devia ser exemplar. Por quanto tempo agüentaria viver assim, Lyrael ainda não sabia, mas nessa época ainda não conseguia perceber nada de errado , não se acorda um belo dia e se dá conta que sua vida é na verdade uma sobrevida , arrastada e postiça.
    - Está tão magro e triste, se eu pudesse fazer alguma coisa....qualquer coisa para tirar a tragédia de suas costas e corrigir o seu destino.
    Seu pedido era sincero e em seu discurso a culpa parecia pontuar as entonações das palavras jamais se perdoara de ter perdido Samyaza para as fileiras de Lord Baltazar, achava que o tinha deixado escapar entre os dedos, furar a barreira segura que ele próprio construira para o casal. Não admitiria perde-lo mais uma vez.

    Do alto da torre em que se encontrava, a cidade mostrava-se calma e pontilhada de luzes e pessoas correndo como formiguinhas, o anjo sentiu que o vento ganhava força em suas costas, suspendendo sua camisa leve e branca, como se quisesse arrebentar seus botões, uma lufada de vento tão forte o atingiu  que o fez desequilibrar e por pouco não cair do telhado, o relógio bateu às 18:00 hrs e a sombra atingiu completamente a estação, e com ela o frio dos cadáveres.
    Lyrael sentiu o arrepio percorrer suas asas e descer para a espinha, levantando os pelos do pescoço, o cheiro de lírio entrou em suas narinas sem pedir licença e causou-lhe enjôo e uma dolorosa vertigem. Uma mão pesou-lhe no ombro e a gargalhada fatal ecoou como um raio, mergulhando a consciência de Lyrael numa piscina de lembranças trevosas e mal agouros.
    Lord Baltazar estava parado ao lado dele, havia aparecido como que por encanto, uma figura alta e bem apessoada, era magro e branco como uma estátua de cera, uma pesada armadura parecia estar grudada em seu corpo, as asas abertas exibiam suas penas escuras e sua boca apontava uma espécie de meio-sorriso. O ar de deboche era como um círculo materializado ao seu redor, suas verdadeiras intenções estavam sempre escondidas atrás da armadura medieval e de sua capa preta. Todos os anjos sabiam que ele só havia escapado do exílio porque havia sido incumbido de servir aos céus com o cargo de Anjo-Exterminador, ainda era temido por ser considerado ardil e sagaz, sua presença naquele momento só podia significar uma coisa, tudo o que Lyrael temia:
    - Vai se matar....?
    - O garoto?  Certamente, já têm alguns dias que está planejando isso. –a voz de Balthazar era como um sentença, como se o pescoço de Maria Antonieta já estivesse pronto, cheio de carne, esperando apenas a lâmina do carrasco descer.
    -Vai se jogar nos trilhos do trem não vai!? Por isso está aqui.
    O Anjo-Exterminador confirmou com aparente calma.
    -Como é morrer? – Lyrael perguntou.
    Quando o silêncio pareceu eterno, e ele percebeu que a pergunta não seria respondida sentiu uma pontada, uma enorme dor, era como arrancar uma perna, um olho, estava prestes à perder seu amado novamente, e não havia nada que podia fazer para resgatá-lo das sombras em que ele se encontrava.
    -Sabe Lyrael, uma coisa que vocês anjos da mediocridade nunca entenderam...os homens não são felizes, a vida na Terra é feita de espinhos, não rosas e aqueles que se matam tem suas razões para fazê-lo.
    -O suicídio é crime diante dos olhos de Deus. – respondeu crente.
    -Não comete suicídio aquele que já nasceu morto.
    Lyrael não respondeu, estava desabando em si, perdendo-se em lágrimas e em intermináveis questionamentos.
    - Aposto que sei o motivo do choro, é sua impossibilidade não é!?  Você não pode fazer nada Lyrael.. ninguém pode tirar a corda do pescoço de um enforcado, ninguém pode resgatar aquele que está para morrer. Até os anjos são limitados...
    Matheus chegara na plataforma, era uma sombra, já parecia um fantasma , teso e branco, o sangue parecia não afluir-lhe mais nas veias, estava paralisado, tomado por um medo confuso e imerso em pensamentos delirantes e verborrágicos, era invisível para todos os outros,  julgava-se insignificante e totalmente dispensável para a humanidade, não faria falta se deixasse de existir. Naquele momento, em que o barulho do trilho e a fala alta dos transeuntes entrecortavam sua afetada linha de raciocínio Matheus sentiu-se desprovido de sentimentos, como se eles tivessem sido desgrudados de si, flutuando no ar como intrusos, sobre si mesmo, nas roupas que ele estava usando.
    -  O seu amor é algo que você criou para sí, o seu desejo de unir-se à ele é sacrílego, poderá ser mau interpretado entre os seus. –Lord Balthazar ofereceu seu ferino desdém e encheu a boca para atingir os sentimentos de Lyrael.
    -Eu sei, mas não posso fazer nada, cada aspecto dele me prende, agora mais do que nunca, acompanho-o desde que reencarnou, quero ficar longe mas não posso, não consigo, gostaria de ser soldado à ele.
    -Ainda o ama? – Lord Balthazar quis saber.
    - O quê?
    - Se ainda o ama.
    Lyrael não tinha como recuar, a máscara angulosa do cinismo já não mais servia em seu rosto, se tivesse hesitado em sua resposta naquele momento seria como uma traição.
    - Amo.
    - O suficiente para cometer a loucura de tentar salvar sua alma
    - O suficiente para resgatá-lo no inferno se assim fosse necessário.
    - Sabe que não seria permitido!
    - Mas eu faria mesmo assim.
    O Anjo-Exterminador soltou uma deliciosa gargalhada, quase obscena, exibiu seus caninos afiados e balançou os cabelos escuros com uma graça quase feminina.Voltou-se em direção à plataforma e arqueou ligeiramente o corpo para baixo.
    Matheus respirou fundo e deu o primeiro passo em direção aos trilhos vazios, era o fim de tudo, não havia conseguido conviver com suas instabilidades, com seus vícios e com os recôncavos mais secretos do seu ser, bebia demais, fumava demais, e os fantasmas da culpa, da vergonha e do remorso alcançavam sua cama todas as noites, suas teorias mal digeridas sobre religião, teologia ou espiritualismo, tudo estava destruído, bem como seus sentimentos e sua capacidade de amar, Matheus estava oco. Avançou mais um pouco dando o segundo passo.
    Lord Baltazar ergueu os braços para o alto, as estrelas pontilhavam o céu, o cruzeiro do sul brilhava, sua luz bruxuleante como a chama tênue de uma candeia banhavam o telhado de uma luz materna, aveludada e azul, Sacudiu suas asas de uma forma tão violenta que sua capa foi levada pelo vento e abocanhada no breu.
    - O que você vai fazer? -Lyrael perguntou temeroso, tomado pela febre e pela excitação.
    O suor escorria na testa de Matheus, faltava pouco agora, mais alguns passos e estaria tudo acabado, alcançou a borda do trilho, ouvia-se na plataforma o barulho metálico do próximo trem, o adolescente alcançou a faixa-limite, fechou os olhos.
    Lord Baltazar entoou à meia voz um canto esquisito, uma espécie de oração cadenciada e breve, a escuridão era quase completa no alto da torre do relógio, como num encantamento, uma bola luz crepuscular começou a brilhar na altura do peito do anjo, que ainda tinha os braços levantados e as asas esticadas, o frio intenso, glacial desceu na terra com a invocação.
    Matheus sentiu que era o último passo, pensou fortemente que tudo seria questão de segundos, talvez conseguisse morrer com a queda nos trilhos. Inclinou o tronco para frente,bem devagarzinho, o peso de seu tronco encarregar-se-ia do resto, ouviu gritos nas costas, mas agora já era tarde, já não tinha mais volta, já sentia seu corpo ser puxado pela gravidade, um forte puxo no baixo-ventre. Estava condenado.
     Da bola de luz fosforescente uma cortina fina e ondulante desprendeu-se e  como uma membrana que crescia parcialmente envolveu todo o bairro com uma cúpula de fumaça avermelhada.  Os gritos cessaram, até o murmúrio das árvores do Jardim da luz pareceu silenciar-se. Lord Baltazar tinha parado o tempo, tudo aconteceu numa fração de segundo, no exato momento em que  Matheus impulsionou o corpo contra os trilhos.
    - O tempo...você...!? – Lyrael perguntou quase que aterrorizado e ao mesmo tempo surpreso.
    Lyrael observou a estação congelada, todos parados, os corpos boiando no tempo diluído, como bonecos, manequins, o corpo de Mateus suspenso no ar, preso em fios invisíveis, com a cara virada para o chão, sua morte era inevitável.
    - O tempo está congelado, mas o truque dura apenas alguns minutos, a cúpula está apenas sobre o bairro, por isso temos que correr com o acordo!
    - Acordo?
    - Matheus é a encarnação de meu servo mais leal, estava contando com seu regresso para o mundo dos mortos, tenho planos para Samyaza, assim como você espero-o ansioso,  mas confesso que quando o vi chorando por seu antigo amor, percebi que talvez a história possa ser mais interessante, e ao invés de resgatar apenas um, talvez consiga corromper um segundo anjo e aliá-lo aos meus propósitos.
    - Nunca vai me desviar da luz Lord Baltazar
    - O que Gabriel anda falando pra vocês hein? Nem tudo no mundo é luz e trevas.
    - Qual é o acordo? – Lyrael retomou o assunto.
    - Quatro dias filho, quatro dias vivendo na Terra como um simples mortal ao lado do que restou de Samyaza, o patético Matheus. Se em quatro dias ele demonstrar seus sentimentos de amor e regenerar-se da tristeza que habita seu coração você tem a minha palavra que o deixarei em paz e não mais me preocuparei em recuperar meu antigo companheiro.
    - E o que eu tenho a perder...? Afinal, vou fazer um acordo com um anjo caído! –  Lyrael quis saber.
    - Quando o relógio da Torre da Luz soar às Hrs18:00do quarto dia nós nos encontraremos aqui, e se ele não tiver se recordado do amor que une vocês há tanto tempo, o preço será... suas asas.
    - Minhas asas!?
    Nessa hora, quase recusou, quase voltou atrás, quando Lord Baltazar pediu suas asas significava que se Lyrael falhasse perderia sua condição divina, e estaria condenado a morar na Terra e ter uma vida de mortal.
    - Samyaza então será meu! – O Anjo exterminador sustentou um sorriso perturbador  no canto da boca.
    Silencio absoluto
    - E então, de acordo? –quis saber Lord Balthazar.
    - Gostaria de pensar a respeito.
    - Se você o ama de verdade, se é só isso que importa, mais do que tudo, mais do que sua própria vida então Lyrael, você não tem nada a perder, Você estaria disposto a se destruir à se sujar para sempre em nome do seu amor?
    - De acordo!
    O anjo ofereceu-lhe seu meio sorriso mais uma vez, e o frio que o acompanha ficou mais intenso.
    - Perfeito! Mas antes de abrir suas asas e resgatá-lo é importante que saiba que a consciência de Samyaza está enterrada dentro de Matheus, ele não se lembra de absolutamente nada.
    -Eu sei, observo-o desde seu nascimento, sempre que posso o vejo acordar, ouvir seus discos, sei como pensa, como se comporta.
    -Você será um estranho em sua vida.
    Lyrael vira-se, o tronco já está debruçado para o salto, as asas abertas.
    - E outra coisa, você dispõe de todos os meios para tentar salvar a alma de Samyaza da auto-destruição, mas não pode fazer nada que os céus considerem pecado...você entendeu, nada!
    -Nem o beijo?
    -Principalmente o beijo.
    Lyrael sentia-se um louco em fazer esse trato com Lord Baltazar e compreendeu isso no momento que saltou da torre e planou em direção aos trilhos, ouviu sua gargalhada esganiçada e alta:
    - Vá passarinho, resgate seu verdadeiro amor, e condene sua alma eternamente por isso!
     Quando tomou Matheus em seus braços sentiu o frio desaparecer em suas costas e a lágrima quis voltar. Mateus parecia tão inocente aninhado em seu calor, na subida Lyrael voltou-se para baixo e viu a estação perder-se ao longe, assim como o Jardim da Luz, a membrana avermelhada dissipou-se assim que eles a cruzaram, o anjo planou com velocidade entre os edifícios altos e espelhados, apertando o adolescente com o máximo de cuidado para que ele não escorregasse, sentiu que suas asas começaram a ficar mais pesadas, preocupou-se em levar Matheus em segurança para sua casa antes que despencassem do céu.

    segunda-feira, 26 de setembro de 2011

    Exposição e festa "20 anos de Dimmy Kieer"

    Só tenho que agradecer pelo presente de ter realizado esse trabalho junto ao amigo Dicésar Ferreira, e aos amigos que estavam presentes nessa noite maravilhosa.
    (A FESTA FOI NO BOFETADA BAR DA PEIXOTO GOMIDE)

    (MEUS QUERIDOS: LIZ VAMP E KIZZY ISATIS)

    (ENTREVISTA PARA O TV FAMA COM A SIMPÁTICA LÉO AQUILA)


    (E PARA FECHAR A NOITE: ENTREVISTA COM A VAMPIRA XD)