domingo, 27 de novembro de 2011

TENHO MEDO DE VIRGINIA WOOLF


É noite, meu cigarro acabou, e eu pagaria pra qualquer mendigo trazer um maço do Econ mais próximo. Mas no Econ nunca tem nada, só tem Bell`s, Balalaika, Ballantine`s e outras sub-marcas uó.
As putas brigam na rua, olho pela janela do apartamento e vejo apenas seus contornos eclipsando a luz dos faróis, suas peles macias, cheias , seus olhos eternamente borrados, a noite é fria e uma chuva fina polvilha o asfalto, a névoa translucida manifesta um circulo diáfano ao redor delas e imediatamente essas putas ganham um ar de aparição, todo o encantamento cai por terra e as moças arrojadas num canto escuro passam a assombrar as esquinas fumando, bebendo cerveja de latinha e ouvindo tecno-brega no celular.
Me afasto do notebook, preciso de uma desculpa para a falta de sono, um café talvez.
Ligo o som, está tocando “Febre” de Guilherme Lamounier e dentro de mim cresce uma estranha agitação, me lembro que um amigo recentemente me perguntou “ Eu tenho medo do NADA, você já parou pra pensar no NADA? “ na ocasião fiquei meio constrangido, havia pensado no NADA uma única vez apenas, quando assisti “História sem fim” (na época em que se passavam bons filmes na sessão da tarde) mas pensar na consciência ampla que o NADA representa...
Meu café está pronto, um Nescafé é claro, extra-forte e sem açúcar.
Então de repente coloco meus personagens para dormir um pouco, fico tomando meu café e pensando no NADA.
A consciência do NADA se alimenta das minhas horas ociosas, transformando meu medo e minha ânsia em poesia, por isso escrevo, para a contemplação do abstrato que reside em mim. Um porto seguro e narcisista talvez, mas que de certa forma me objetiva.
Eu tenho medo de Virginia Woolf e suas verdades vorazes, a sanidade sincera de suas alegorias em livros de capa dura. Passo horas sentado nos divãs da livraria Cultura, conversando com seu espectro, discutindo comigo mesmo e tentando de alguma forma localizar suas pegadas na areia.
Sou um Rebel without a cause e admito isso, odeio natal, ervilha e reencontros com ex-colegas de escola, odeio as velhas nas filas de banco, igrejas evangélicas, estender roupa no varal e principalmente ODEIO CRIANÇAS.
As putas voltam a brigar pelo ponto na frente do meu prédio,o NADA me abraça, o café acaba e eu continuo com medo de Virgínia Woolf, rasgando meu coração para Villa-lobos, arranhando meus discos da Angela Rorô, quebrando os espelhos da Sylvia Plath.
O NADA me abraça essa noite, Sérgio Sampaio começa a cantar no rádio, acho que é “Roda Morta” encontro um maço de cigarros fechado sobre a geladeira e NADA mais faz sentido.
Então alguém chega pra mim e diz:
-Nossa que cara é essa, tá triste hoje?
-Não, essa é minha cara de sempre. – respondo
-Mas as vezes você parece tão feliz.- a pessoa insiste.
Dou um sorriso forçado ela não merece saber que o que ela chama de felicidade eu chamo de euforia.

GUILHERME JUNQUEIRA. 

sábado, 12 de novembro de 2011

Sobre Caio Fernando de Abreu e outros modismos


Sobre caio Fernando de Abreu e outros modismos

Não sei o que está acontecendo com o mundo, as vezes tudo me parece tão confuso e banalizado.
Sou de uma época que só os MAL-DITOS liam Caio Fernando de Abreu, hoje vejo seus textos pipocarem e estamparem o mural de caretões de primeiro escalão.
Será que as pessoas realmente tem noção de quem foi Caio Fernando e o que ele representou? Ou será que no mundo virtual contemporâneo,tudo virou uma questão de "CURTIR"?
As vezes me perco num mundo em que ex-BBB é sinônimo de status e "Crepúsculo" é considerado literatura.
Ainda bem que Victor Hugo e Álvares de Azevedo estão mortos e não viram o pandemônio cultural que isso se tornou. Wharol sabia de tudo já, afinal ele sempre soube, por isso dominou o mundo com suas latinhas de sopa Campbell, mas isso foi nos EUA.
Na frança tivemos Duchamp, Buñuel, Dalí....e aqui?
Tarcila
Oswald
Villa-Lobos
Oiticica
Cacilda
O que está acontecendo com a cultura afinal? acho que uma desestruturação geral.
Estamos todos aqui, inertes, como que anestesiados esperando o novo Cristo da cultura POP aparecer, como se nós estivéssemos num monótono show de fim de ano do Roberto, esperando ele subir no palco fazer chifrinhos com as mãos e cantar "Quero que tudo vá para o inferno.
Acho que vou assistir “Meia-noite em Paris” mais uma vez, tem coisas que só o Woody Allen entende.

domingo, 6 de novembro de 2011

SONETO DO AMOR DESESPERADO n°1




Frases decoradas, pavor vampiro, diurno, latinhas de breja debaixo da pia
Inúteis promessas de foda e ilusões misturadas com a fumaça
Seu gato magrelo e arrastado no meu coturno, ele mia
Não me olhe com essa cara de babaca perguntando o que fazer, faça!

Depois que nosso marllboro acabar
A ponta queimar até o fim
Ponha o último do Cazuza pra tocar
E abra a segunda garrafa de Gim

Podíamos morrer agora, ABSOLUT mente bêbados, baratinados
Ainda assim seria uma morte solene
Levaríamos conosco seus discos da Nina Simone, seus bilhetes amassados

Na boca a farpa do último beijo, na bolsa os filmes do Vincent Price
Todos os livros de Verlaine
Um fardinho de Smirnoff Ice

quinta-feira, 3 de novembro de 2011

Exposição Guilherme Junqueira no "Estação SP Design"

Um restaurante que mistura conceito e tradição em seu cardápio diário. Com um charme peculiar o restaurante faz parecer que você está almoçando em sua própria casa.Sem falar na equipe que está sempre pronta para te receber de abraços abertos e um sorriso incrivelmente gentil. O restaurante fica na R. Haddock Lobo1012, Jardins São Paulo, Metrô Consolação.