É noite, meu cigarro acabou, e eu pagaria pra qualquer mendigo trazer um maço do Econ mais próximo. Mas no Econ nunca tem nada, só tem Bell`s, Balalaika, Ballantine`s e outras sub-marcas uó.
As putas brigam na rua, olho pela janela do apartamento e vejo apenas seus contornos eclipsando a luz dos faróis, suas peles macias, cheias , seus olhos eternamente borrados, a noite é fria e uma chuva fina polvilha o asfalto, a névoa translucida manifesta um circulo diáfano ao redor delas e imediatamente essas putas ganham um ar de aparição, todo o encantamento cai por terra e as moças arrojadas num canto escuro passam a assombrar as esquinas fumando, bebendo cerveja de latinha e ouvindo tecno-brega no celular.
Me afasto do notebook, preciso de uma desculpa para a falta de sono, um café talvez.
Ligo o som, está tocando “Febre” de Guilherme Lamounier e dentro de mim cresce uma estranha agitação, me lembro que um amigo recentemente me perguntou “ Eu tenho medo do NADA, você já parou pra pensar no NADA? “ na ocasião fiquei meio constrangido, havia pensado no NADA uma única vez apenas, quando assisti “História sem fim” (na época em que se passavam bons filmes na sessão da tarde) mas pensar na consciência ampla que o NADA representa...
Meu café está pronto, um Nescafé é claro, extra-forte e sem açúcar.
Então de repente coloco meus personagens para dormir um pouco, fico tomando meu café e pensando no NADA.
A consciência do NADA se alimenta das minhas horas ociosas, transformando meu medo e minha ânsia em poesia, por isso escrevo, para a contemplação do abstrato que reside em mim. Um porto seguro e narcisista talvez, mas que de certa forma me objetiva.
Eu tenho medo de Virginia Woolf e suas verdades vorazes, a sanidade sincera de suas alegorias em livros de capa dura. Passo horas sentado nos divãs da livraria Cultura, conversando com seu espectro, discutindo comigo mesmo e tentando de alguma forma localizar suas pegadas na areia.
Sou um Rebel without a cause e admito isso, odeio natal, ervilha e reencontros com ex-colegas de escola, odeio as velhas nas filas de banco, igrejas evangélicas, estender roupa no varal e principalmente ODEIO CRIANÇAS.
As putas voltam a brigar pelo ponto na frente do meu prédio,o NADA me abraça, o café acaba e eu continuo com medo de Virgínia Woolf, rasgando meu coração para Villa-lobos, arranhando meus discos da Angela Rorô, quebrando os espelhos da Sylvia Plath.
O NADA me abraça essa noite, Sérgio Sampaio começa a cantar no rádio, acho que é “Roda Morta” encontro um maço de cigarros fechado sobre a geladeira e NADA mais faz sentido.
Então alguém chega pra mim e diz:
-Nossa que cara é essa, tá triste hoje?
-Não, essa é minha cara de sempre. – respondo
As putas brigam na rua, olho pela janela do apartamento e vejo apenas seus contornos eclipsando a luz dos faróis, suas peles macias, cheias , seus olhos eternamente borrados, a noite é fria e uma chuva fina polvilha o asfalto, a névoa translucida manifesta um circulo diáfano ao redor delas e imediatamente essas putas ganham um ar de aparição, todo o encantamento cai por terra e as moças arrojadas num canto escuro passam a assombrar as esquinas fumando, bebendo cerveja de latinha e ouvindo tecno-brega no celular.
Me afasto do notebook, preciso de uma desculpa para a falta de sono, um café talvez.
Ligo o som, está tocando “Febre” de Guilherme Lamounier e dentro de mim cresce uma estranha agitação, me lembro que um amigo recentemente me perguntou “ Eu tenho medo do NADA, você já parou pra pensar no NADA? “ na ocasião fiquei meio constrangido, havia pensado no NADA uma única vez apenas, quando assisti “História sem fim” (na época em que se passavam bons filmes na sessão da tarde) mas pensar na consciência ampla que o NADA representa...
Meu café está pronto, um Nescafé é claro, extra-forte e sem açúcar.
Então de repente coloco meus personagens para dormir um pouco, fico tomando meu café e pensando no NADA.
A consciência do NADA se alimenta das minhas horas ociosas, transformando meu medo e minha ânsia em poesia, por isso escrevo, para a contemplação do abstrato que reside em mim. Um porto seguro e narcisista talvez, mas que de certa forma me objetiva.
Eu tenho medo de Virginia Woolf e suas verdades vorazes, a sanidade sincera de suas alegorias em livros de capa dura. Passo horas sentado nos divãs da livraria Cultura, conversando com seu espectro, discutindo comigo mesmo e tentando de alguma forma localizar suas pegadas na areia.
Sou um Rebel without a cause e admito isso, odeio natal, ervilha e reencontros com ex-colegas de escola, odeio as velhas nas filas de banco, igrejas evangélicas, estender roupa no varal e principalmente ODEIO CRIANÇAS.
As putas voltam a brigar pelo ponto na frente do meu prédio,o NADA me abraça, o café acaba e eu continuo com medo de Virgínia Woolf, rasgando meu coração para Villa-lobos, arranhando meus discos da Angela Rorô, quebrando os espelhos da Sylvia Plath.
O NADA me abraça essa noite, Sérgio Sampaio começa a cantar no rádio, acho que é “Roda Morta” encontro um maço de cigarros fechado sobre a geladeira e NADA mais faz sentido.
Então alguém chega pra mim e diz:
-Nossa que cara é essa, tá triste hoje?
-Não, essa é minha cara de sempre. – respondo
-Mas as vezes você parece tão feliz.- a pessoa insiste.
Dou um sorriso forçado ela não merece saber que o que ela chama de felicidade eu chamo de euforia.
GUILHERME JUNQUEIRA.
Dou um sorriso forçado ela não merece saber que o que ela chama de felicidade eu chamo de euforia.
GUILHERME JUNQUEIRA.