No Divina Club, no dia da inauguração da minha exposição, tem mais cinco quadros desses aí na parede, quanto tempo vai ficar? até eu enjoar da cara deles, vão conferir, é minha coleção favorita, em breve eu posto os outros.
Onde?
Divina Club, R. Alvaro de Carvalho, 190, metrô Anhangabaú, pertinho da Trash 80 e do falecido Hotel Cambrigde
segunda-feira, 28 de maio de 2012
terça-feira, 8 de maio de 2012
CAMILA PITANGA, MADAME BOVARY DOS TRÓPICOS
Fui ver no domingo e é claro, o cinema estava lotado, São
Paulo inteira parecia ter saído de casa para ver “Os vingadores”, obviamente
não era meu objetivo. Baseado no livro homônimo de Marçal Aquino “Eu receberia
as piores notícias de seus tristes lábios” é (na minha opinião) o melhor filme
em cartaz atualmente. O roteiro é
simples: a mulher entre o amor e a gratidão, não sabe se foge com o amante, ou se fica ao
lado do marido. Mas a versão de Madame Bovary dos trópicos foge dos padrões da estética, da fotografia e
montagem. Pra começar o roteiro não segue um fluxo linear e é cheio de elipses que aos poucos vão se
entrelaçando e partindo para rumos inesperados, ora engraçados, ora dramáticos
ou reflexivos.
Diferente de “Xingu” de Cao Hamburger, que na minha opinião é filme brasileiro pra gringo ver, a fita de Beto Brant e Renato Ciasca vem como um urro tropical em meio à tanto filme brasileiro meia-boca que estreia todo mês em nossas salas de cinema, um resgate do bom cinema brasileiro eu diria, um cinema que a muito tempo eu não via nas telas. Cinema nosso aliás que já há alguns anos ganha uma irritante estética de novela das oito. Não tenho nada contra as novelas e atores globais, (até porque Camila Pitanga está visceral nessa fita) mas acho que numa sala de cinema não é lugar pra esse tipo de macacada televisiva, tevê é uma coisa, cinema é outra. Mas voltando ao filme, e principalmente para ela: Camila Pitanga que está tão boa quanto a Vera Ficher fazendo a Neuza Suelli em “Navalha na carne”, tão boa quanto Fernanda Torres em “Casa de areia” e finalmente tão boa quanto Marilia Pêra em “Pixote- a lei do mais fraco”. Acho inclusive que a exposição que ela se submeteu pra que o filme fosse rodado é de uma coragem ímpar, Débora Secco (pra quem gosta da surfistinha) ficou no chinelo depois do Furacão Pitanga. O sexo aliás é Bertolucciano, em todas as posições e ângulos e ocupam papel de destaque na narrativa, por isso quem fica incomodado em ver abundantes cenas de nudez ou mesmo uma boa trepada no cinema, para essas pessoas, o filme não é recomendado, o melhor a se fazer é esperar uma comédia romântica da simpática Luana Piovani ou do hilário Bruno Mazzeo.
A trilha funciona, e mescla elementos modernos com sons da
natureza e cantos indígenas emblemáticos ao melhor estilo “Cinema Novo”. A fotografia de Lula Araujo
(premiadíssima inclusive) é um dos pontos que mais chama atenção no filme,
abusando de cores fortes, nativas e paisagens amazônicas que compõe de forma
quase poética um rico painel de
sutilezas e preenche todas as exigências do que eu considero indispensável para
um bom filme. Resta-me agora partir para o livro, que minha amiga @ fr já leu e
recomenda. Bom filme pra todos, esperemos pacientemente o “Luz nas Trevas” de
Helena Ignez, que promete ser o filme do ano...bom, vamos aguardar.
(Guilherme Junqueira)
sábado, 5 de maio de 2012
O mundo jamais esquecerá Marlene Dietrich
“As pessoas hoje vem aqui pro meu apartamento para me
observar, ver o estrago que o tempo me causou” essa foi umas das frases mais
bonitas ditas por Sylvia Bandeira ontem no palco, enquanto encarnava a diva
alemã Marlene Dietrich.
A “montagem irretocável” (segundo a sincera Bárbara Heliodora)
está em cartaz no teatro Nair Bello aqui em São Paulo e ontem foi minha segunda
vez. Sim, gosto de repetir a dose e sempre tive tendências viciosas por
Dietrich. Ontem descobri o perigo da equação whisky+ Chanson Française, o
resultado? O musical mal havia começado
e lá estava eu, fazendo a Gal Costa e chorando embriagado a cada música
executada( pérolas do cancioneiro francês: Sur le ciel de Paris, Ne me quitte
pas, La vie en rose, etc...) A música aliás foi o que me levou a conhecer Miss
Dietrich, lembro-me que me topei com seu Ne me quitte pas aos 15, enquanto
todos na escola começavam a ouvir Spice Girls eu escutava Lili Marllene, depois disso, é claro fiquei amarradasso, Miss Dietrich virou uma musa pra mim, e sim, ela
foi Miss D. abandonou o Frouline quando pediu a cidadania norte-americana para
escapar de Hitler, Hitler aliás, que era seu fã declarado e queria-a devolvida
à pátria , para que dessa forma ela se
tornasse diva máxima do cinemão III Reich.
Grande mulher essa Dietrich, não eram só suas pernas que eram
do caralho, ela foi uma mulher muito foda, passeou por quase todas as formas de
arte do séc. passado: teatro, cabaré, disco, cinema (mudo, falado, P&B, colorido)
apresentou-se em circos e em trincheiras, foi a artista que mais arrecadou bônus
de guerra para o exército americano, bônus que serviam para comprar bombas,
bombas que caiam sobre Berlim, sua cidade amada, lugar onde ainda morava sua
mãe. “Amo os alemães, por isso combato os nazistas”
E que vida ela teve, amada e odiada pelos mais interessantes
homens (e mulheres) de sua época, Piaf, Gary Cooper, John Wilbert, Hemingway e
tantos outros. Viveu intensamente Berlim no auge de sua glória intelectual, que
nada mais era do que um salão de festas, rodeado por multidões famintas. E
assim ela passou durante um bom tempo, antes da carreira decolar com o primeiro
filme significativo “ Anjo azul” de 1930 e pela primeira vez dirigida por um
diretor ousado: Josef Von Sternberg.
Amanhã, dia 6 de maio, faz 20 anos de sua morte tranquila num
apartamento em Paris, fico feliz e me sinto menos solitário ao ver que ainda
existam pessoas que valorizam o seu trabalho e que de alguma forma contribuem
para que o Legado de Miss. Dietrich não desapareça “blowing in the wind”, foram
mais de 55 filmes, centenas de fotos e uma lição de amor e liberdade que tem o
dever de se eternizar nos anais da nossa história.
O musical
pra rapaziada que tiver afim de ver fica em cartaz até dia 27 de maio no teatro
Nair Bello do shopping Frei Caneca, Sylvia está deslumbrando.
Sexta, 21h30; sábado,
21h; domingo, 18h.
Valor R$ 60,00
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terça-feira, 1 de maio de 2012
MEU NOVO LIVRO É ASSIM:
E
eu velha, velha e acabada, louca desse jeito, mas de repente nessa minha
velhice eu até sinto uma piranhazinha soterrada dentro de mim, uma Bille
Holiday sabe, e o pior de tudo é que eu seria a Billie Holiday mesmo, o copo na
mão eu já tenho, falta a voz....e é claro a cor né!
Beliel
é negro, nunca fiquei com um homem negro, aliás nunca fiquei com homem nenhum,
só com Armando. Armando... Beliel! É negro e é cantor de blues, acho que ele
quer me fuder hoje a noite, faz tanto tempo que não fodo que acho que
desaprendi! Como será que ele gosta? Depilada? As mulheres depilam hoje,
depilam ou usam aquele bigodinho de Hitler, a
minha como está? Tenho vergonha, ainda mais na frete de um espelho (...)
Trecho de "Vômito negro - Diálogos, biritas e pingue pongues com o capeta" de Guilherme Junqueira
em pleno processo e recém saído de uma crise, portanto ainda sem previsão de lançamento
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