sábado, 15 de setembro de 2012
sexta-feira, 7 de setembro de 2012
MILLER MY MAN
Um quarto de hotel, para mim tem a implicação de
voluptuosidade, furtiva, fugaz. Talvez o fato de não ter visto Henry tenha
aumentado minha fome. Eu me masturbo frequentemente, com luxuria, sem remorso
ou repugnância. Pela primeira vez eu sei o que é comer. Ganhei dois quilos.
Fico desesperadamente faminta, e a comida que como me dá um prazer duradouro.
Nunca comi dessa maneira profunda e carnal. Só tenho três desejos agora, comer,
dormir, foder. Os cabarés me excitam. Quero ouvir música rouca, ver rostos,
roçar-me em corpos, beber benedictine ardente. Belas mulheres e homens
atraentes provocam desejos em mim. Quero dançar. Quero drogas. Quero conhecer
pessoas perversas, ser intima delas. Nunca olho para rostos inocentes. Quero
morder a vida e ser despedaçada por ela. Henry não me dá tudo isso. Eu
despertei o seu amor. Maldito seja seu amor. Ele sabe foder como ninguém, mas
eu quero mais que isso. Eu vou para o inferno, para o inferno, para o inferno.
Selvagem, selvagem, selvagem.
(trecho de: Henry e June- os diários inexpurgados de Anais Nin, 1932 à 1936- pág, 119)
quarta-feira, 5 de setembro de 2012
Trecho de Vômito Negro Blues- sexo, narcóticos e gasolina-
(...) um
filho nosso não haveria de ser padre, um filho nosso tiraria nosso passado do
altar católico e jogaria nosso nome na lama, um filho nosso mataria o papa com
um tiro na cabeça e eu ainda acharia bonito, um filho nosso seria cantor de
blues, mas se não fosse cantor seria Dj de festas do submundo baixo-augusta,
ele deixaria as meninas molhadinhas na pista com sets inteiros de trilhas do
Tarantino, não, não é isso, está decidido já, nosso filho seria cantor mesmo e
namoraria mulheres lindas, modelos da década de noventa e divas do cinema
espanhol, até os homens se apaixonariam, um filho nosso dirigiria um Landau
preto reluzente com banco de zebrinha e fumaria cigarros importados, teria que
ser artista, se não soubesse cantar faria com que ele se dedicasse à
literatura, sim ele seria escritor, ou até dramaturgo, jornalista não, todo jornalista
sério tende a ser mau-humorado, meu filho seria tão foda que mesmo escrevendo
literatura marginal ele conquistaria uma cadeira cativa na Academia, sentaria
ao lado dos imortais mesmo cagando para as novas normas cultas e cagaria para
Campbell, Stanislavski e cagaria também para Syd Field, Vogler, um filho nosso
seria poeta livre, beberia nos bares, sairia com putas, às vezes se apaixonaria
mas de uma forma geral se dedicaria mesmo em quebrar corações, não que ele realmente
quisesse ferir alguma garota mas em sua natureza a monogamia não seria uma
prioridade, meu filho que nem nome teve mas se tivesse seria Johnny, sempre
achei Johnny um nome bacana, você fala Johnny e vem logo na cabeça a imagem de
um garoto na moto, rebelde de óculos escuro e jaquetão de couro e calça jeans, é quase certo que meu Johnny cresceria e começaria a fumar,
eu sei que o cigarro faz mal e coisa e tal mas eu deixaria meu Johnny fumar um
pouco, posso até parecer meio louca mas Johnny ficaria lindo fumando um cigarro
importado sobre a moto na frente dos cinemas alternativos, nem James Dean
abraçado com Natalie Wood, nem Clint Eastwood no auge de seus faroestes
macarrônicos, nenhum deles teria tanto estilo quanto meu filhinho, depois do
jantar, antes mesmo dele pegar a moto e sair de casa, eu como uma boa mãe que
seria, soltaria os pratos na pia e sairia correndo e gritando seu nome pelo
corredor, Hey, Johnny não está esquecendo seu maço de cigarros baby? E
dançaríamos nos finais de semana, sim, dançaríamos uma seleção inteira de Elvis
Presley, uma seleção impecável que começaria com “Heartbreak Hotel” e
terminaria com “Love me tender”, enquanto isso eu o veria sorrir de baixo dos
óculos escuros e ele diria, eu te amo, para nós todos os dias seriam dia das mães (...)
trecho de Vômito negro Blues-sexo, narcóticos e gasolina
trecho de Vômito negro Blues-sexo, narcóticos e gasolina
(meu novo projeto, ainda sem previsão pra lançamento mas acho que vai ficar pro ano que vem)
sábado, 1 de setembro de 2012
MARY JUANA
Sou uma Over Girrrrl dadeira
índole de loba libidinosa
sexy-safa-sereia
não sou a Gullivera de Milo Manara
nem qualquer diva de
rock ou Velásquez
sou a que nasce do chopp com espuma
Oxúm se arruma, Iemanjá se perfuma
enquanto eu, Mary Juana, bebo pra caralho
bebo e fumo como uma pirata do Tietê
não sô rainha Nagô!
sou chuva ácida, rio sem curva
baralagado, whisky gelado
poço, fossa, fosso
baseado fino e grosso
melancia sem caroço
sou todas putinha do bar
cheia de vida, entorpecida
dando o rabo pra poeta suicida
A febre sobe, exala
selvagem Gaia-Réa cavala
um sudário cobre meu céu cor de uva
sobre meu clitóris um broto que baba
um gozozo guarda-chuva
sou o princípio, o meio, o fim
Mary Juana
a resposta
vinda de riso adubado com bosta
planta gorda trepada na encosta
as ninfas em mim se enrosca
elas gosta
Essa noite verde vi teus olhos ofuscantes
sonhei que fui penetrada por tua seiva quente, escaldante
toquei tua guita, teu baixo-ventre e teu tambor
arrebate ruivo de
amor
abri minhas pernas VA-GA-RO-SA-MENTE
revelando assim meus ratos, meus ramos
beat-poeta, me bate, lê meus planos
pois quem não arde não teima
quem não ferve não ama
não queima, não rola na kama
sutra, me xinga baby, me insulta
me deixa acabar com as carreiras
esquecer as boas maneiras
olha o espelho quebrado no chão
a pólvora no cano do canhão
Tesão
Anal, oral, vaginal
prazer sem igual, serpentina de rubi e carnaval
Tiro, explosão
você caído na cozinha, morto ou não
Sereia cintilante chama
arrumando teu cabelo com os dedos
e cavando sua kama
e dobrando seu terno
Ficar do meu lado baby
é estar preparado pro sono eterno
Capa da revista Penthouse setembro/89 com ilustra do mestre Manara |
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