sábado, 1 de setembro de 2012

MARY JUANA


Sou uma Over Girrrrl dadeira
índole de loba libidinosa
 sexy-safa-sereia
não sou a Gullivera de Milo Manara
 nem qualquer diva de rock ou Velásquez
sou a que nasce do chopp com espuma
Oxúm se arruma, Iemanjá se perfuma
enquanto eu, Mary Juana,  bebo pra caralho
bebo e fumo como uma pirata do Tietê
não sô rainha Nagô!
sou chuva ácida, rio sem curva
baralagado, whisky gelado
poço, fossa, fosso
baseado fino e grosso
melancia sem caroço
sou todas putinha do bar
cheia de vida, entorpecida
dando o rabo pra poeta suicida
A febre sobe, exala
selvagem Gaia-Réa cavala
um sudário cobre meu céu cor de uva
sobre meu clitóris um broto que baba
um gozozo guarda-chuva
sou o princípio, o meio, o fim
Mary Juana
 a resposta
vinda de riso adubado com bosta
planta gorda trepada na encosta
as ninfas em mim se enrosca
elas gosta
Essa noite verde vi teus olhos ofuscantes
sonhei que fui penetrada por tua seiva quente, escaldante
toquei tua guita, teu baixo-ventre e teu tambor
arrebate  ruivo de amor
abri minhas pernas VA-GA-RO-SA-MENTE
revelando assim meus ratos, meus ramos
beat-poeta, me bate, lê meus planos
pois quem não arde não teima
quem não ferve não ama
não queima, não rola na kama
sutra, me xinga baby, me insulta
me deixa acabar com as carreiras
esquecer as boas maneiras
olha o espelho quebrado no chão
a pólvora no cano do canhão
Tesão
Anal, oral, vaginal
prazer sem igual, serpentina de rubi e carnaval
Tiro, explosão
você caído na cozinha, morto ou não
Sereia cintilante chama
arrumando teu cabelo com os dedos
e cavando sua kama
e dobrando seu terno
Ficar do meu lado baby
é estar preparado pro sono eterno
Capa da revista Penthouse setembro/89 com ilustra do mestre Manara

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