sexta-feira, 7 de setembro de 2012

MILLER MY MAN






















Um quarto de hotel, para mim tem a implicação de voluptuosidade, furtiva, fugaz. Talvez o fato de não ter visto Henry tenha aumentado minha fome. Eu me masturbo frequentemente, com luxuria, sem remorso ou repugnância. Pela primeira vez eu sei o que é comer. Ganhei dois quilos. Fico desesperadamente faminta, e a comida que como me dá um prazer duradouro. Nunca comi dessa maneira profunda e carnal. Só tenho três desejos agora, comer, dormir, foder. Os cabarés me excitam. Quero ouvir música rouca, ver rostos, roçar-me em corpos, beber benedictine ardente. Belas mulheres e homens atraentes provocam desejos em mim. Quero dançar. Quero drogas. Quero conhecer pessoas perversas, ser intima delas. Nunca olho para rostos inocentes. Quero morder a vida e ser despedaçada por ela. Henry não me dá tudo isso. Eu despertei o seu amor. Maldito seja seu amor. Ele sabe foder como ninguém, mas eu quero mais que isso. Eu vou para o inferno, para o inferno, para o inferno. Selvagem, selvagem, selvagem.

(trecho de: Henry e June- os diários inexpurgados de Anais Nin, 1932 à 1936- pág, 119)

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